3.2.13

Aquarela de Vinicius De Moraes & Toquinho









Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo.
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo.


Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva.
E se faço chover com dois riscos tenho um guarda-chuva.


Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel,
num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu.


Vai voando contornando a imensa curva norte sul.
Vou com ela viajando, Havaí, Pequim ou Istambul.


Pinto um barco a vela branco navegando.
É tanto céu e mar num beijo azul.


Entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grená.
Tudo em volta colorindo com suas luzes a piscar.


Basta imaginar e ele está partindo, sereno indo,
e se a gente quiser ele vai pousar.


Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida,
com alguns bons amigos, bebendo de bem com a vida.


De uma América a outra eu consigo passar num segundo.
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo.


Um menino caminha e caminhando chega num muro.
E ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está.


E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar.
Não tem tempo nem piedade, nem tem hora de chegar.


Sem pedir licença muda nossa vida, e depois convida a rir ou chorar.
Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá.


O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar.
Vamos todos numa linda passarela de uma aquarela
que um dia enfim….
descolorirá!” 


&




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